Documento publicado por Estêvão Chaves Monteiro em agosto de 2013 sob licença Open Gaming License versão 1.0a.


D&D4 - Simplificando os Atributos

Os atributos são a descrição mais básica das capacidades físicas e mentais do personagem e são um dos principais ícones dos RPGs e principalmente de D&D, que foi o primeiro jogo a usar esse recurso com personagens da forma que conhecemos hoje, desde sua edição original de 1974. Pode-se dizer que Força, Constituição, Destreza, Inteligência, Sabedoria e Carisma são uma das mais preciosas "vacas sagradas" desse jogo, em todas as edições e meios de comunicação; carregam um peso de tradição muito significativo. Em todas as edições, desempenham praticamente as mesmas funções e seguem a mesma escala: 3 a 18 é a margem humana normal. Sendo determinado pela rolagem de 3 dados (3d6), 75% dos valores são de 7 a 14, com média 10 e 11, de modo que valores muito baixos e muito altos são raros, puxando os valores para perto da média, tal qual as probabilidades das pessoas reais. Personagens com mais de 14 num atributo são excepcionais, comuns apenas em histórias heróicas (que é o caso do jogo).

AD&D não enfatizava diferenças entre atributos de 7 a 14, reconhecendo a distribuição estatística de probabilidades. As desvantagens mais relevantes surgiam entre 3 e 6 e as vantagens entre 15 e 18, crescendo muito aos extremos por conta da baixíssima probabilidade (0,5% para 3 e para 18). Tal escala se enraizou entre os jogadores. Além disso, até então, um teste de habilidade era uma jogada de dado contra a própria habilidade, ou seja, o valor rolado no d20 deveria ser igual ou menor que o atributo para o personagem obter êxito. Como o dado usado era d20, isso impunha um limite ao valor máximo, mesmo para monstros e seres super-humanos.

A terceira edição foi a primeira a desvincular o valor do teste de habilidade. O valor determina um modificador para a jogada de d20 e o Mestre determina uma Classe de Dificuldade. Assim, os valores podem crescer infinitamente sem afetar a mecânica do jogo: você continua rolando 1d20 + modificadores para tentar vencer ou atingir uma CD. Os modificadores são calculados substraindo 10, que é a média de valores e média de resultado de d20, e dividindo o restante por 2 (admitindo modificadores negativos), refletindo o fato que quem está na média não piora nem melhora as probabilidades das ações no jogo. Esta mecânica universal para testes aparentemente veio para ficar. Porém, criou um problema do ponto de vista de simplicidade do sistema, pois onde antes você tinha apenas um valor, agora tem um valor e um modificador derivado, e a quantidade de números no jogo incha.

Uma opção seria usar apenas os modificadores. Porém, é anti-intuitivo que Força 0 seja a média e você possa ter Força -1. É excêntrico e não ajuda a familiarizar novos jogadores. Como o valor 1 é -5, que é o limite inferior (fora 0, que representa a incapacidade total), a solução é: